sexta-feira, 23 de março de 2012

Texto: A Morte


Autor: The Writer


Talvez este fosse seu último suspiro, e numa hipótese, suas pálpebras se fechariam. Ele dormiria, então, em um súbito cair, o corpo passaria a não ser e somente uma lembrança permaneceria na memória: a de que existia, já que essa é a única certeza de nossa curta vida. Braços e pernas se estenderiam dentro do branco caixão e rosas vermelhas trariam cor ao moribundo, por quem poucos chorariam e se lamentariam. O esquecido de tudo olharia seu antigo habitat ser tocado por desconhecidos. Uma batina surgiria no fundo dizendo que ele foi mais um grande homem com uma grande vida. Mal sabia o padre que nada de bom fez o antigo ser de olhos fechados e de maquiagem pálida. Então, a vida encararia a casa. Incrédula de que realmente seu coração parou, seu cérebro se rompeu e sua alma se esvaiu.

Mas tudo é uma hipótese, uma das previsões incertas do que é morrer. E se fosse diferente? Onde apenas as pálpebras caem e não existe alma. Apenas o fim, onde tudo é preto e o preto é tudo. Uma infinidade de vazio triste, melancólico e certo. Talvez a história acabe assim: Ele fechou seus olhos, dormindo pelo resto de sua não existência. Não teria espanto, dor ao se ver morto, tristeza pelos outros ou a agonia do esquecimento. Apenas o nada.

Mas tudo é uma hipótese, nada confirmado. Pode ser que existam céu e inferno e, nem tão de repente e justificado, as suas pálpebras caiam, te levando ao tribunal dos pecadores. O individuo em questão era normal. Em sua plena existência não fez nada de ruim assim como nada fez de bom. Os três monstruosos seres de máscaras e vestes escuras permaneceram parados, sentados e estáticos. Os juízes da morte não expressavam emoção. Apenas olhavam para a alma, até que fosse declarado o veredicto final desta.

Mas tudo é uma hipótese, vazia e inconcreta, mas ainda sim uma possibilidade. Talvez nosso destino seja o sofrimento eterno, em que o nosso passado é apagado, nos restando a vaga ideia de salvação. Fecharíamos nossos olhos para entrar na desgraça do passado e na discórdia do presente. Sem sorrisos, somente lágrimas salgadas misturadas ao suor da agonia que o momento proporcionava.

Todas são apenas hipóteses.

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sexta-feira, 23 de março de 2012

Texto: A Morte


Autor: The Writer


Talvez este fosse seu último suspiro, e numa hipótese, suas pálpebras se fechariam. Ele dormiria, então, em um súbito cair, o corpo passaria a não ser e somente uma lembrança permaneceria na memória: a de que existia, já que essa é a única certeza de nossa curta vida. Braços e pernas se estenderiam dentro do branco caixão e rosas vermelhas trariam cor ao moribundo, por quem poucos chorariam e se lamentariam. O esquecido de tudo olharia seu antigo habitat ser tocado por desconhecidos. Uma batina surgiria no fundo dizendo que ele foi mais um grande homem com uma grande vida. Mal sabia o padre que nada de bom fez o antigo ser de olhos fechados e de maquiagem pálida. Então, a vida encararia a casa. Incrédula de que realmente seu coração parou, seu cérebro se rompeu e sua alma se esvaiu.

Mas tudo é uma hipótese, uma das previsões incertas do que é morrer. E se fosse diferente? Onde apenas as pálpebras caem e não existe alma. Apenas o fim, onde tudo é preto e o preto é tudo. Uma infinidade de vazio triste, melancólico e certo. Talvez a história acabe assim: Ele fechou seus olhos, dormindo pelo resto de sua não existência. Não teria espanto, dor ao se ver morto, tristeza pelos outros ou a agonia do esquecimento. Apenas o nada.

Mas tudo é uma hipótese, nada confirmado. Pode ser que existam céu e inferno e, nem tão de repente e justificado, as suas pálpebras caiam, te levando ao tribunal dos pecadores. O individuo em questão era normal. Em sua plena existência não fez nada de ruim assim como nada fez de bom. Os três monstruosos seres de máscaras e vestes escuras permaneceram parados, sentados e estáticos. Os juízes da morte não expressavam emoção. Apenas olhavam para a alma, até que fosse declarado o veredicto final desta.

Mas tudo é uma hipótese, vazia e inconcreta, mas ainda sim uma possibilidade. Talvez nosso destino seja o sofrimento eterno, em que o nosso passado é apagado, nos restando a vaga ideia de salvação. Fecharíamos nossos olhos para entrar na desgraça do passado e na discórdia do presente. Sem sorrisos, somente lágrimas salgadas misturadas ao suor da agonia que o momento proporcionava.

Todas são apenas hipóteses.

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